UFPR inova em pesquisas sobre controle biológico de pragas e tem trabalhos premiados
Entre lagartas e pequenas vespas, o trabalho no Laboratório de Controle Integrado de Insetos atingiu um nível de inovação que, recentemente, rendeu dois prêmios para pesquisas concentradas em buscar soluções para eliminar os problemas da lavoura sem que se abuse dos pesticidas. Os trabalhos foram reconhecidos em simpósio nacional e começam a se destacar e repercutir como exemplos de ciência de ponta produzida na Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Os estudos das pesquisadoras Tamara Takahashi e Magda Fernanda Paixão, ambas do Programa de Pós-Graduação em Agronomia – Produção Vegetal, foram premiados como destaques, em primeiro e o terceiro lugar, respectivamente, em uma competição que elegeu os 20 melhores trabalhos, entre cerca de 400 apresentados no Simpósio de Controle Biológico. As pesquisas se alinham por apontarem para o futuro, buscando soluções que deem conta de lidar com as novas pragas e com a resistência ao gene Bt, utilizado para eliminar as lagartas que danificam a produção.
De acordo com o professor Luís Amilton Foerster, que orienta as pesquisas, a proposta é justamente se antecipar aos eventuais problemas que devem aparecer com o uso, em larga escala, dos cultivos transgênicos. Ele explica que o gene BT, inserido em plantas como a soja e o milho, funciona apenas em espécies suscetíveis à proteína tóxica. Para as lagartas naturalmente tolerantes ou resistentes, portanto, seria necessário pensar em outra solução.
Segundo o professor, o uso de componentes químicos, além de mais caro, representa um risco ambiental e à saúde. O controle biológico, ao contrário, utiliza a própria natureza como matéria-prima para reduzir os danos das pragas. Caso bem aplicado, ele pode reduzir em até 50% a necessidade de aplicação de inseticidas. “Em alguns casos, com as técnicas de manejo adequadas, podem abolir o uso de pesticidas”, explica Tamara.
O estudo de Tamara envolveu a identificação de novas pragas em duas safras de soja. A pesquisa registrou um aumento de 60 para 250 lagartas coletadas de 2017 para 2018, mas também antecipou a solução. Isso porque ela conseguiu identificar cinco novas espécies de vespas que parasitam os ovos das lagartas, eliminando-as. Os dados de uma delas, que está em fase de taxonomização, surpreenderam positivamente a equipe, que desenvolve essa etapa da pesquisa em parcerias com pesquisadores da Argentina e da Inglaterra.
Ovos mais produtivos e resistentes
O estudo de doutorado e pós-doutorado de Magda seguem na mesma direção: a busca de um controle biológico eficiente, que ofereça soluções antes que os danos e prejuízos aos produtores seja maior. No caso dela, o objeto estudado são as microvespas de nome Trichogramma, e sua pesquisa trabalhou com a obtenção de parasitóides mais eficientes, utilizando como hospedeiros ovos de mariposas maiores, que se revelaram resistentes ao armazenamento em nitrogênio líquido por até um ano.
Segundo ela, com essa técnica de estocagem será possível produzir, em larga escala, vespas com maior potencial de buscarem e se alojarem nos ovos das lagartas, e com mais longevidade. Isso seria uma alternativa às vespas produzidas em ovos de baixo valor nutricional obtidos de pequenas mariposas, uma solução já em uso pela indústria.
A pesquisadora reforça que vespas de maior qualidade e longevidade favorecem à adaptação ao ambiente, o que também contribui para a redução do uso de pesticidas na agriculturl. “O que nós fazemos é inovador porque estamos pensando lá na frente, em soluções que possam ser viáveis para um problema que já está ocorrendo”, explica Foerster, que vai compartilhar o sobrenome com o da nova espécie de vespa identificada no Laboratório. “É uma homenagem ao professor”, conta Tamara.