Professores da UFPR participam da elaboração de resolução pioneira sobre coleções biológicas
Uma resolução estadual que protege as coleções biológicas foi assinada nesta segunda-feira (25). A solenidade aconteceu na Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos e contou com a participação de professores e pesquisadores da Universidade Federal do Paraná.
A resolução foi produzida após um intenso trabalho do Conselho Estadual do Meio Ambiente (CEMA), que durou cerca de um ano. A proposta destaca a importância das coleções para a sociedade e estabelece responsabilidades para as instituições que as mantêm, como realizar o armazenamento em locais adequados, destinar recursos e manter um quadro de pessoal capacitado.
“As instituições do Paraná têm coleções importantes que guardam informações genéticas da biodiversidade de todo o planeta, com relevância para a conservação, além do entendimento do passado e do futuro da biodiversidade”, explicou o professor do Centro de Estudos do Mar da UFPR Carlos Eduardo Belz, que também é membro do Conselho Estadual do Meio Ambiente e participou da elaboração da resolução.
O secretário Antonio Carlos Bonetti assinou a resolução, que deve ser publicada ainda nesta semana. A iniciativa é pioneira no Brasil e deve servir como modelo para outros estados. “É uma conquista para a sociedade. O material foi construído do zero e foi realizada uma análise profunda, tanto técnica como jurídica”, afirmou.
A proposta ainda prevê a criação de um comitê gestor das coleções biológicas do estado, com representantes de várias instituições. “Há no Brasil uma grande demanda para institucionalizar e manter as coleções de forma legalizada. A resolução é um avanço, principalmente para as academias”, destacou a professora da UFPR, Vânia Aparecida Vicente, coordenadora das coleções microbiológicas.
O curador técnico-científico do Museu de Ciências Naturais da UFPR destacou a representatividade histórica das coleções. “As coleções biológicas trazem um resgate histórico, elas abrigam representantes de faunas que não estão mais presentes em muitas regiões. Por meio de normativas, é possível manter os materiais depositados em coleções científicas para garantir a preservação a longo prazo”, disse.
Iniciativa da resolução
A proposta de elaborar uma legislação referente às coleções surgiu em 2015, durante um evento do projeto Taxonline – uma rede de coleções biológicas de várias instituições do estado, coordenado pela UFPR. “Quando o projeto completou dez anos, realizamos um encontro e ali ficou claro a dificuldade que tínhamos para manter e preservar as coleções biológicas, pela falta de recursos, formalização e de espaço físico adequado. Precisávamos de um instrumento legal para melhorar a situação”, explica o professor Carlos Eduardo Belz.
A expectativa dos pesquisadores é que a partir de agora haja mais reconhecimento. “Acreditamos que haverá reconhecimento institucional e da própria sociedade. Além disso, o comitê gestor vai fazer propostas de divulgação das coleções”, diz Belz.
Coleções biológicas
As coleções biológicas são consideradas importantes bancos genéticos para objeto de estudo científico. Tratam-se de conjuntos de organismos para fornecimento de informações sobre a procedência, coleta e identificação de cada um dos espécimes.
Sibelle Trevisan Disaro, pesquisadora do Centro de Estudos do Mar da UFPR, aponta ainda exemplos práticos de utilização das coleções, como no caso do controle de pragas. “É possível identificar nas coleções determinado organismo que está causando danos na agricultura e com isso tomar uma atitude mais correta”.
A pesquisadora ainda cita outros exemplos. “Muitos micro-organismos (fungos e bactérias) são usados para produção de importantes medicamentos e produtos alimentares”, destacou.