O conhecimento adquirido pelo Engenheiro Florestal durante a formação acadêmica possibilita a sua atuação profissional no Gerenciamento e uso de Bacias Hidrográficas.
A preocupação com o meio ambiente e o esgotamento dos recursos naturais ganhou e continua ocupando um espaço significativo nas discussões ao redor do mundo, principalmente no Brasil. A reunião ocorrida em Paris, por exemplo, no ano de 2015, denominada COP21 realizada com o objetivo de estabelecer metas afim de mitigar as mudanças climáticas no planeta e reduzir emissões de gases de efeito estufa, em virtude de ações insustentáveis praticadas pelo homem ao longo destas décadas, foi umas das ações promovidas pelos Organização das Nações Unidas – ONU, preocupados com o aumento da temperatura do planeta e a progressão da degradação do meio ambiente com o passar dos anos.
Entretanto, para que estas metas acordadas junto ao governo Brasileiro e os outros 194 países, no intuito de cumprir com o acordo de Paris, precisam serem refletidas antes de sua execução, com o propósito de atingir-se resultados concretos e precisos e, para isto ser realizado, necessita-se de um diálogo sobre o Uso e Manejo de Bacias Hidrográficas no território nacional e a atuação do Engenheiro Florestal como um profissional também qualificado no gerenciamento da unidade, a Bacia Hidrográfica (BH), tendo em vista que sua alteração pode vim a causar perturbações ambientais, como consequência de um má planejamento de seu uso.
|
Bacias Hidrográficas do Brasil
Fonte: ANA – Agência Nacional das Águas, 2006
|
Mas, afinal, o que é uma Bacia Hidrográfica?
Para fins de estudos hidrológicos, uma Bacia Hidrográfica é considerada um conjunto de terras drenadas por um corpo d’agua principal e seus afluentes e representa a unidade mais apropriada. Entretanto, o conceito de BH vai muito além de um corpo d’agua. Vários autores consideram a importância do uso de conceito de BH similar ao de ecossistema, tanto para estudos como para o Gerenciamento Ambiental.
|
Ilustração de uma Bacia Hidrográfica
Adaptado de KOBIYAMA et al.
|
Word Vision (2004), complementando o conceito de BH, considera este como um espaço tridimensional integrando as interações entre a cobertura do terreno, as profundidades do solo e o entorno das linhas divisórias das águas, encontrando-se recursos naturais e infraestrutura criada pelo homem, na qual este desenvolve econômicas e sociais gerando diferentes efeitos favoráveis e desfavoráveis. Assim, uma BH é um sistema formado por quatro componentes:
Biológico: constituído pela flora e pela fauna existente;
Físico: integrado pelo solo, subsolo, geologia, recursos hídricos e clima (temperatura, radiação, evaporação, entre outros);
Econômico: integrado por todas as atividades produtivas que realiza o homem envolvendo, dentre outros, a agricultura e a pecuária, a exploração de recursos naturais, a indústria e agroindústria, e, a infraestrutura de apoio e serviços (estradas, energia, assentamentos, cidades, dentre outros);
Social: composto pelos elementos demográficos, institucionais, propriedade de terras, saúde, educação, habitação, culturais, organizacionais, políticos e legal.
Deste modo, uma BH deve ser vista como uma unidade fundamental para o planejamento do uso e conservação de recursos múltiplos, onde a agua, a madeira, os alimentos, as fibras, as pastagens, a vida silvestre a recreação e outros componentes ambientais podem ser produzidos para atender às necessidades da crescente população mundial.
E onde o Engenheiro Florestal pode vim a atuar neste ramo?
Primeiro precisamos entender o conceito de Manejo de BH.
Para BROOKS et al. (1991), pode ser entendido como o “processo de organizar e orientar o uso da terra e de outros recursos naturais numa bacia hidrográfica, a fim de produzir bens e serviços, sem destruir ou afetar adversamente o solo e a água”.
Como visto anteriormente, uma BH é formada por quatro componentes, sendo um deles o biológico, constituído pela flora e fauna existentes em determinada área. O Engenheiro Florestal, como profissional, é responsável pelo manejo da flora, especialmente as árvores, principalmente voltado para o manejo de bacias hidrográficas. Por exemplo, vamos supor que o rendimento hídrico de uma BH esteja abaixo da demanda, sendo preciso estabelecer um plano de manejo da cobertura florestal, para a determinação de atividades como raleamento, corte em faixas, substituição de espécies de sistema radicular profundo por outras de sistema radicular mais superficial; afim de aumentar a produção de água da BH e assim suprir a demanda.
Desta forma, o Engenheiro Florestal maneja a floresta para que haja a saída balanceada de diferentes produtos e serviços, usando as práticas de manejo de bacias hidrográficas (LIMA 2008). Este é o único profissional capacitado para o manejo de uma floresta com a finalidade produzir bens e serviços, podendo faze-lo baseando-se na estratégia do manejo de bacias hidrográficas.
Assim, o Engenheiro Florestal como profissional no âmbito do Manejo de BH, pode vim a atuar empregando as seguintes ferramentas, seja par fins de conservação ou produção sustentável:
– Sistemas agroflorestais;
– Planejamento do sistema viário;
– Diversidade de paisagem ao longo da área;
– Proteção da mata ciliar;
– Práticas de conservação do solo;
– Mapeamento de solo segundo as classes de capacidade de uso;
– Geoprocessamento;
– Sistemas adequados de colheita da madeira etc.
O conhecimento de hidrologia e funcionamento hidrológico de uma BH é fundamental para o Engenheiro Florestal que pretenda vim trabalhar com o este ramo.
Portanto, a atuação do Eng. Florestal e sua valorização neste ramo é de extrema importância para o desenvolvimento sustentável da sociedade, como também sua intervenção se faz necessária para o planejamento e gerenciamento das bacias hidrográficas brasileiras.
Com informações de:
BROOKS, K.N.; P.F. FFOLLIOT; H.M. GREGERSEN; J.L. THAMES, 1991.Hydrology and the Management of Watersheds.Iowa StateUniversity Press. 391p.
Conceitos de bacias hidrográficas: teorias e aplicações / Editores Alexandre Schiavetti, Antonio F. M. Camargo. – Ilhéus, Ba : Editus, 2002. 293p. : il.
LIMA, W. de P. Apostila didática: manejo de bacias hidrográficas. Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Departamento de Ciências Florestais, 2ª ed., 2008. 253p.
WORD VISION (2004). Manual de Manejo de Cuencas. 2ª. Edición.Coordinador General: Ing. Carlos Gómez. Visión Mundial El Salvador. San Salvador. 2004. 154p.