Na moda, “couro do futuro” é feito de cogumelo, abacaxi e outras frutas
Peças feitas com fibras de folhas de abacaxi e “pele” extraída de cogumelos gigantes imitam couro e já são vendidas no mercado europeu
Com a sustentabilidade em alta no mundo fashion, a demanda por materiais de menor impacto ambiental fez com que empresas investissem em alternativas para o couro legítimo. Mas esqueça toda a química dos materiais sintéticos: a moda agora é simular couro a partir de matérias-primas naturais e inusitadas, como fungos e frutas.
A italiana MuSkin encontrou a solução nos cogumelos. Com textura semelhante à camurça, o “couro” é extraído do chapéu do cogumelo Phellinus ellipsoideus, um dos maiores fungos do mundo. Um pedaço médio de 15 cm por 25 cm do “couro” vegetal precisa de apenas uma unidade do cogumelo. Para o tratamento, nada de químicos ou produtos sintéticos, mas sim vegetais e vapor d’água.
De acordo com a marca, o material não promove a proliferação de bactérias e tem alta capacidade de transpiração. Sobre a durabilidade, Marco Gozzani, integrante da equipe MuSkin em entrevista para o Viver Bem, aponta: “temos que frisar que a MuSkin, na sua forma natural bruta, não é tão forte como o couro animal, mas com tratamentos adequados, ele tem desempenhos similares“. Como exemplo, Marco cita bolsas e sapatos feitos com o material não tratado que, mesmo com o uso, já duram cinco anos.
O “couro” vegetal italiano hoje é vendido para pequenos e médios artesãos, uma demanda que corresponde à capacidade de produção do material. “Provavelmente a MuSkin nunca alcançará uma escala de produção alta porque está fortemente ligada à produção natural dos cogumelos“, explica Marco. O produto custa entre 22 e 77 euros (cerca de R$ 80 e R$ 282 com a cotação do euro em R$ 3,66), dependendo do tamanho.
Conheça ainda outras alternativas vegetais ao couro legítimo:
Piñatex
Das fibras das folhas do abacaxi surge a Piñatex, um material têxtil que demorou sete anos para ser desenvolvido. Como a matéria-prima é o subproduto da colheita do abacaxi, não são necessários mais terra, água, fertilizantes ou pesticidas para produzi-los.
Diferentemente do MuSkin, o Piñatex utiliza materiais químicos em seu tratamento, mas a empresa garante que as substâncias “não são nocivas ou prejudiciais para o meio ambiente, e não há escoamento ou poluição de água/ar envolvidos durante o processo de fabricação”. O metro do material custa 45 euros (R$ 167,70) para a cor natural, marrom ou carvão e 53 euros (R$ 193,90) para as cores prata e ouro.
Fruitleather Rotterdam
Já a Fruitleather Rotterdam é uma start-up holandesa criada por dois jovens designers de 23 anos, Koen Meerkerk e Hugo de Boon. O material produzido pela start-up é uma “couro” vegetal feito a partir de frutas que seriam descartadas. A preferência é por frutas mais fibrosas, como a manga.
O processo tem cinco fases. Primeiro retiram-se as sementes. Depois as frutas são liquidificadas com outros produtos que lhes darão a consistência e aparência de couro. Tal como uma massa de pão, a massa é esticada para secar em uma máquina e, por fim, cortada e estampada como couro. O produto ainda não está no mercado, porque está em fase de aprimoramento para ficar mais resistente.
Fonte: REDAÇÃO Gazeta do Povo, COLABOROU MONIQUE PORTELA