Engenheiro surfista de Florianópolis desenvolve modelo de prancha sustentável
Produto é feito com materiais não convencionais, como a utilização da madeira na fabricação.
A moda old school aliada à tentativa de melhorar a relação do surfe com o meio ambiente, são as principais características das pranchas desenvolvidas pelo engenheiro profissional, shaper desde 2008, David Weber, em Florianópolis. O resultado substitui os materiais convencionais, fomenta a sustentabilidade e retrocede às origens, com a utilização da madeira na fabricação.
A iniciativa integra a série de reportagens do SC+ e mostra como a diversidade do universo do surfe oferece, a partir do trabalho de desenvolvimento de produtos, possibilidades acessíveis a uma gama cada vez maior de surfistas preocupados com o meio ambiente.
“Desde quando comecei a fazer pranchas de materiais convencionais, como EPS [poliestireno expandido] e PU [poliuretano], já tinha a ideia de construir pranchas de materiais alternativos, que pudessem reunir a preservação do meio ambiente, tecnologia e arte. Foi assim que encontrei a madeira como o material mais nobre que poderia ser utilizado, o mesmo das primeiras pranchas do passado, mostrando um novo caminho para o futuro”, afirma.
A partir disso, Weber tem se dedicado ao desenvolvimento de novas pranchas, melhorando os processos construtivos e shapes. “O grande desafio tem sido construir pranchas que sejam leves, utilizamos madeira de Paulownia, árvore de origem asiática que tem a madeira mais renovável do mundo. Com isso, as obras de arte são acima de tudo funcionais, pois no surfe não é possível deixar de lado a performance, que nas ondas significa diversão ”, explica.
O engenheiro garante que a surfabilidade é similar às pranchas convencionais. Para chegar ao método de construção, ele adaptou várias técnicas de construção naval que resultaram num processo limpo e silencioso.
Segundo o shaper, são necessárias aproximadamente 60 horas de trabalho para fazer cada uma das pranchas. O resultado é de um equipamento leve, resistente, que não amassa ou deforma e pode durar a vida toda, seja utilizando nas práticas esportivas ou até mesmo como objeto decorativo. Ele também afirma que por ser um produto artesanal, as pranchas acabam sendo exclusivas. “Também tem a beleza natural da madeira, veios, nós, tonalidades, imperfeições. Esse conjunto forma infinitas combinações e são únicas de cada prancha”, destaca.
Além disso, Weber compartilha a experiência e também incentiva a conscientização ambiental, por meio de cursos em que cada participante tem a oportunidade de desenvolver a própria prancha.
“Para fazer uma prancha oca de madeira são utilizados um conjunto de técnicas que proporcionam a grande satisfação em transformar simples tábuas de madeira numa prancha. O processo foi adaptado para que seja possível realizar em ambientes públicos, para todos os tipos de pessoas, com ou sem experiência em shape de pranchas ou trabalhos manuais”, explica.
Desde o início dos cursos em 2015, foram feitas mais de 400 pranchas, que envolveram 200 pessoas de todos os estados do país. A iniciativa também rendeu a premiação “The Best in Show”, oferecida na The Board Trader Show 2016, na categoria sustentabilidade. Para os próximos passos, Weber planeja levar o workshop para outras localidades ao redor do mundo que estejam ligados ao surf. “Será um novo desafio, um workshop diferente a todos os anteriores, porque começaremos do zero, sem levar nada, então a aventura começa conhecendo o lugar, montando as ferramentas, preparando e selecionando as madeiras e todos os materiais a serem utilizados no curso”, finaliza.
Serviço
David Weber Surfboards
Início das atividades: desde 2008
Contato: david@davidweber.com.br
Mais informações no site: davidweber.com.br