Cápsulas biodegradáveis são usadas no controle de pragas em Barra Bonita
O combate a pragas de lavouras é feito de forma bem diferente em Barra Bonita (SP). Uma inovação que também ajuda na preservação do Meio Ambiente. Com o uso da tecnologia dos drones, cápsulas biodegradáveis são lançadas nas plantações de cana de açúcar.
A bióloga e engenheira agrônoma Gabriela Vieira da Silva é uma das responsáveis pela idealização dessas cápsulas. Ela participa de uma startup em uma incubadora de empresas que há um ano e meio vem trabalhando no desenvolvimento das cápsulas biodegradáveis.
O formato e o tamanho lembram uma bola de tênis e podem ser feitas de diversos materiais, entre eles celulose e bagaço de cana.
“Hoje estamos usando na cana-de-açúcar, mas também podemos usar na soja, no milho, tomate e outras culturas que têm o controle biológico através da liberação de parasitoides. O principal ponto é a mecanização da liberação”, explica a bióloga.
E é justamente lá na lavoura onde tudo acontece. A Raphaella Gomes é diretora de inovação de uma empresa que produz os derivados da cana-de-açúcar e também a mais nova cliente deste projeto.
“E esse futuro que está vindo não só vem com várias tecnologias que têm uma possibilidade de romper com os negócios existentes, mas também essas novas tecnologias também podem ajudar a resolver os desafios do desenvolvimento sustentável”, completa.
Neste novo método, as capsulas são feitas de um material biodegradável por isso contribuem para uma agricultura sustentável. Bem diferente do que acontece há 40 anos, na maioria dos canaviais, onde o controle biológico é feito com o uso de copo plástico.
“A gente pega um processo que era feita de forma manual com o uso de plástico. Agora você pega o drone com a cápsula tem um ponto muito significativo em um aspecto: precisão. Eu sei exatamente como será feita essa aplicação. Menos recursos, menos tempo. É um método sustentável e eficaz”, destaca a diretora.
Além disso, a bióloga explica que o processo também é mais seguro. “As capsulas têm orifício por onde as vespas saem. Então a capsula não abre no canavial, e sim saem pelos os orifícios contidos nela. Tiramos os trabalhadores dessa função [de espalhar os copos plásticos] diminuindo o risco de acidentes. Fazemos liberação e áreas menores e um tempo menor. E tiramos o copo plástico e coloca as capsulas biodegradáveis. Então aumenta a eficiência do controle.”
Um controle biológico mais eficiente, veloz e sem danos ambientais nas lavouras. Pedro Barbieri trabalha na área de projetos agrícolas da usina desde o ano passado. Ele explica que a broca costuma surgir no período chuvoso e é uma das piores pragas do canavial.
“A broca é uma praga que deposita os ovos perto da folha. Aí a larva entre e se aloja. O que vira uma porta de entrada para bactérias. Perco muito açúcar. Essa larva apodrece e tem potencial de matá-la. Esse projeto é interessante porque o controle dela é muito difícil. O problema hoje é como a gente faz essa dispersão. Os operadores que entrar no canavial. É um trabalho bem desgastante. O drone não tem preguiça, ele faz o canavial inteiro, tem um rendimento alto”, destaca o engenheiro agrônomo.
A expectativa dos responsáveis pelo projeto é expandir a ideia para além do canavial. E o custo para o produtor fica praticamente o mesmo.
“Com o aumento da eficiência, a gente consegue reduzir o custo. A cápsula é feita de um material barato. Diferente do copo plástico. E se o controle tiver que continuar, faz mais uma aplicação”, explica a bióloga.