Pesquisadores da UFPR podem produzir antibióticos para tratamento de câncer e reconhecer novas espécies da biodiversidade a partir de expedição científica no MS
A partir da coleta de libélulas, moscas, moluscos e plantas medicinais do pantanal de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, pode haver o reconhecimento de novas espécies da biodiversidade e a produção de antibióticos para o controle de bactérias multirresistentes hospitalares e de células tumorais. Os estudos serão feitos por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que coletaram o material durante expedição científica no local, que fica na Serra do Amolar (MS), em fevereiro.
Ao todo, 30 pesquisadores de diferentes regiões do Brasil participaram da primeira expedição científica organizada pelo Instituto Serra do Amolar. O objetivo foi apresentar a região para pesquisadores de instituições do país e de sociedades científicas, que fizeram reconhecimento e coleta de material para estudo e conservação da fauna.
“Foi possível coletar materiais que não existem em outro lugar do mundo, como a planta Cambará”, ressalta Chirlei Glienke, professora do Departamento de Genética da UFPR. As folhas da planta medicinal serão analisadas por docentes, mestrandos, doutorandos e estudantes de iniciação científica do Departamento. Segundo a professora Chirlei, os micro-organismos serão isolados e daqui a cerca de um ano devem produzir metabólicos secundários com atividade biológica como antibióticos e citotóxicos contra células tumorais.
Entre os resultados esperados estão novos compostos que podem ser explorados pela indústria farmacêutica para ajudar no tratamento de câncer e controle de bactérias multirresistentes hospitalares. Além disso, as linhagens entrarão nas coleções biológicas da UFPR e serão disponibilizadas na internet no projeto Taxonline. “Trata-se também da conservação da biodiversidade do pantanal”, acrescenta Chirlei.
As coletas dos grupos zoológicos de Odonata (libélulas), Diptera (moscas) e Mollusca (moluscos) também serão preparadas para depósito em coleções biológicas, identificação taxonômica e estudos em biodiversidade. “Espécies novas poderão ser reconhecidas e descritas pela primeira vez para a ciência”, diz Luciane Marinoni, professora do Departamento de Zoologia da UFPR e presidente da Sociedade Brasileira de Zoologia.
Preservação do patrimônio genético do Brasil
A pesquisadora Luciane ressalta que as coleções biológicas são importantes para a preservação do patrimônio genético natural do Brasil. “Há material depositado em coleções que não existem mais na natureza. Ter esse material em coleções ajuda no controle de doenças, entendimento da história da natureza, reconhecimento de áreas de preservação e desenvolvimento da ciência”, enfatiza.
Segundo a professora, somente instituições que possuem reconhecida excelência em estudos em biodiversidade foram convidadas a participar da expedição científica. “Esse é um reconhecimento da UFPR como uma dessas instituições”, afirma Luciane.
Os pesquisadores da UFPR que participaram da expedição científica foram Luciane Marinoni, Ângelo Parise Pinto e Karla Campião, do Departamento de Zoologia; Chirlei Glienke, do Departamento de Genética; e Carlos Eduardo Belz, do Centro de Estudos do Mar.
Participaram ainda representantes da Sociedade Brasileira de Zoologia, Sociedade Brasileira de Ictiologia, Sociedade Brasileira de Primatologia, Sociedade Brasileira de Malacologia, Sociedade Brasileira de Herpetologia, Sociedade Brasileira de Entomologia, Sociedade Brasileira de Mastozoologia, Universidade de São Paulo (USP), Museu de Zoologia da USP, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Museu Nacional UFRJ, Instituto Butantan, Universidade de Campinas (Unicamp), Universidade Estadual de Maringá (UEM), Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Hospital Israelita Albert Einstein, Instituto Vital Brazil e prefeitura de Corumbá (MS).
Por Chirlei Kohls
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