Pesquisador apresenta nanotecnologia como forma de baratear custos no setor florestal
Palestra fez parte do 5º Workshop Apre/Embrapa Florestas realizado esta semana em Curitiba
Para baratear custos e melhorar os processos, pesquisadores da Embrapa Florestas estão trabalhando na utilização da nanotecnologia para aplicação no setor florestal e nas indústrias do segmento. Algumas das propostas desenvolvidas até agora foram apresentadas pelo pesquisador Washington Magalhães no 5º Workshop Apre/Embrapa Florestas, que tratou do assunto “Tecnologia de precisão – o futuro das empresas florestais: inovação, desenvolvimento e produtividade”.
A primeira tecnologia apresentada pelo pesquisador foi uma nova fórmula para tratamento de preservativo de madeira. Até o momento, o produto foi testado apenas na madeira de Pinus. Segundo Magalhães, o biocida tem um processo bastante fácil de preparar e trata-se de uma mistura física que promove maior interação entre as partículas e o preservativo. A principal inovação neste produto é que é possível fazer liberação lenta do biocida, o que possibilita o controle.
“Normalmente esses produtos, como os fungicidas, saem rapidamente da madeira quando estão em contato com a água. Usando a nanotecnologia, conseguimos que o produto fique mais tempo na madeira e somente seja liberado conforme a necessidade. Além disso, o preço é imbatível”, avaliou.
A segunda solução apresentada foi a de nanocelulose, que utiliza a biomassa proveniente da floresta a partir da poupa de celulose, uma commoditie que já está no mercado. Com um tratamento mecânico simples, os pesquisadores conseguiram transformá-la numa suspensão em água de nanofibras, ou fibrilas de celulose. As nanofibrilas têm diversas aplicações, como curativo de feridas. Além dessa, também é possível utilizar a tecnologia para aumentar a resistência de papel cartão para embalagens ou aplicá-la na produção do cimento, fazendo, assim, telhas com fibra vegetal, ao invés do amianto.
“É uma tecnologia que custa mais caro, porque utiliza mais energia, equipamento e tem uma técnica aplicada. Porém, as inúmeras possibilidades de aplicações mostram que o investimento compensa, e o resultado de viabilidade econômica mostra isso”, garantiu.
Ainda na palestra, Magalhães apresentou mais um estudo para a liberação lenta de nutrientes/fertilizantes para o solo, algo que foi pensado para o setor florestal. Segundo o pesquisador, muitas vezes as empresas, quando vão plantar florestas, acabam escolhendo solos menos apropriados para a atividade. Neste caso, ele reforça que a adubação pode ser um problema, já que os adubos convencionais, quando são aplicados no solo, rapidamente são lixiviados e se perdem. Assim, a planta não absorve todo o nutriente e é preciso aplicar mais. Neste cenário, os pesquisadores pensaram em trabalhar em um fertilizante que fizesse essa liberação lentamente, e utilizaram a nanotecnologia para possibilitar isso. “Existem produtos parecidos no mercado, mas criamos esse com o objetivo de baratear custos, já que os existentes no mercado são muito caros”, declarou.
Por fim, a última técnica apresentada, pensada para o setor industrial, foi a chamada “plasma fria”, que é utilizada para tratar superfícies. Trata-se de uma descarga luminescente de gás rarefeito. Os pesquisadores aplicaram uma descarga elétrica em um gás rarefeito e essa descarga acabou interagindo quimicamente com a superfície da madeira. Dessa forma, é possível mudar a característica da superfície desta madeira.
“Seria apropriado para produção de piso, por exemplo, quando se quer aumentar a adesão do último acabamento que vai por cima da madeira. Estamos verificando inclusive a possibilidade de esta técnica substituir etapas, como o lixamento. Não queremos dizer que ele vai transformar a superfície lisa; é que, muitas vezes, no processo de acabamento da madeira maciça ou MDF, as indústrias precisam lixar novamente o produto para poder aumentar a adesão do acabamento. Assim, ao invés de lixar, essa técnica poderia ser utilizada”, destacou.
Segundo Magalhães, o objetivo da palestra foi chamar a atenção dos empresários para o que pode ser feito no Brasil. “Tudo que apresentei aqui já está sendo estudado em outros centros de pesquisa ao redor do mundo. Isso vai virar negócio e historicamente costumamos comprar isso de fora. Quando compramos, estamos adquirindo um pacote tecnológico. Mas é importante sensibilizar o setor produtivo para começarmos a investir em tecnologia aqui no Brasil, já que isso é possível, e drenar menos recursos para fora. A utilização de nanotecnologia não é por modismo, mas, sim, para tentar resolver alguns problemas”, completou.
Fonte: Assessoria de imprensa Apre