Pesquisa mostra que é possível acelerar o crescimento da Araucária e propõe nova técnica de enxerto
Uma tese que acaba de ser aprovada no doutorado em Agronomia da UFPR, na linha de Produção Vegetal, mostra formas de adubação que podem acelerar o crescimento do pinheiro Araucária angustifólia e assim estimular a produção de mudas da espécie. A combinação de nitrogênio (N) e fósforo (P) acelerou o crescimento das mudas e também mostrou melhoria na qualidade das plantas, de acordo com o engenheiro florestal Valdeci Constantino, autor da pesquisa. Ele também fez experimentos utilizando potássio (K), mas apesar da importância deste nutriente, a araucária não respondeu tanto quanto para o nitrogênio e fósforo.
A tese “Nutrição de Mudas e Morfogênese da Araucária angustifólia submetida à enxertia” também estudou o comportamento de crescimento de enxertos obtidos a partir de ramos e de tronco. Os estudos mostraram que para obter produção de madeira e de pinhões, a técnica mais indicada é a que realiza o enxerto a partir de fragmentos do tronco. Por outro lado, com a utilização de propágulos de ramos, pode-se ter um pinheiro de jardim, uma vez que esta técnica não desenvolve uma árvore completa, com “tronco, ramos primários e grimpas”, segundo o pesquisador. Uma terceira forma de enxertia testada foi a que obteve mudas a partir de ramos secundários (grimpas), mas as plantas morreram pouco depois de começarem a crescer. Ao todo foram avaliadas mais de 113 mudas obtidas pelas três formas de enxertia.
A tese aprovada pelos pesquisadores da UFPR Flávio Zanette (orientador), Graciela Bolzon de Muniz (vice-reitora), Antonio Carlos Vargas Motta, Ivar Wendling da Embrapa e Moeses Andrigo Danner da UTFPR, propõe uma nova metodologia para multiplicação dos brotos obtidos dos troncos de pinheiro. O recém doutor explica que “enxerta-se sobre os ramos da araucária (há a possibilidade de enxertar vários ramos) visando a multiplicação dos propágulos, funcionando como uma “barriga de aluguel”. Depois de seis meses os propágulos podem ser colhidos e enxertados definitivamente em porta-enxerto obtidos a partir de sementes, onde irão crescer de forma permanente. A pesquisa determinou também que a enxertia pode ser feita em plantas a partir de um ano e meio e não mais com dois anos e meio como vinha sendo praticado.
Ao utilizar a técnica proposta aliando com a adubação que se mostrou mais eficaz neste estudo será possível antecipar em 10 anos o crescimento do pinheiro para extração de madeira, diz Flávio Zanette, do Departamento de Fitotecnia e Fitossanitarismo que foi o orientador desta pesquisa. Normalmente um pinheiro se torna adulto entre 18 e 20 anos. O mesmo ocorre com a produção de pinhões que pode ser antecipada se forem utilizados os nutrientes que aceleram o crescimento do pinheiro. Esses resultados devem estimular o plantio da Araucária nos próximos anos. Apesar de ter o corte proibido pela legislação ambiental, quando as plantações de pinheiro são registradas no Instituto Ambiental do Paraná, é possível extrair a madeira da árvore, que pode ser utilizada na construção de casas e na fabricação de móveis.
O pesquisador Valdeci Constantino é servidor da UFPR lotado no Departamento de Estatística, do Setor de Ciências Exatas e passou a desenvolver estudos na área de Engenharia Florestal depois que terminou a graduação na UFPR em 2003. Obteve o título de mestre em 2009 e agora, em 2017, concluiu o doutorado. O pesquisador nasceu em Telêmaco Borba, Região dos Campos Gerais, onde há grandes áreas de reflorestamento.
Publicado por: Maria de Lurdes Welter Pereira – Portal UFPR
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