Estudo mostra que Vale do Paraíba aumenta área florestal em 200 mil hectares
A área, situada entre os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, passou por um processo de regeneração da floresta nativa
Um estudo de imagens de satélite revelou que entre 1985 e 2015 as áreas de floresta passaram de 250.000 para 455.000 hectares, o que representa um acréscimo de 83% em floresta nativa na porção paulista do Vale do Paraíba, região localizada ao longo do curso do Rio Paraíba do Sul, leste do Estado de São Paulo e sul do Rio de Janeiro, cortada pelo eixo viário que conecta os dois maiores centros urbanos do País.
A pesquisa foi feita pela Embrapa Monitoramento por Satélite, SP, e mostrou que a alteração ocorreu principalmente em porções antes ocupadas por pastagens. Atualmente, a cobertura florestal nativa representa 33% da bacia do Rio Paraíba do Sul, no seu trecho paulista, ante 18% registrado em 1985.
O aumento das áreas de florestas na região não ocorre por meio do plantio de novas árvores, mas pela regeneração da vegetação em áreas onde a agricultura e a pecuária não são competitivas, principalmente sobre terrenos declivosos. Segundo o pesquisador da Embrapa Monitoramento por Satélite, Carlos Cesar Ronquim, os fatores que contribuem para esse crescimento são diversos e estão interligados.
“A característica do relevo da região é um ponto importante. O Vale do Paraíba está situado entre duas formações montanhosas, a Serra da Mantiqueira e a Serra do Mar. Mais de 50% de sua área total, calculada em quase 1,4 milhão de hectares, é dominada por terrenos com grau de declividade acima de 20%, um relevo acidentado que dificulta a ocupação por culturas agrícolas e o uso de mecanização e irrigação”, afirma.
A pecuária do local enfrenta problemas com a rentabilidade da produção e tem dificuldades para manter a atividade e competir com outras regiões mais aptas. “O menor investimento dos proprietários contribui para a diminuição do manejo em áreas menos adequadas ao pastoreio pelos animais, como os topos de morros e as encostas mais íngremes. As leis ambientais em vigor também impõem restrições que dificultam o corte ou a queima da ‘capoeira’ que se forma nessas porções sem manejo. O abandono dessas áreas acaba favorecendo a volta da vegetação nativa”, explica o pesquisador.
Os dados levantados pela Embrapa Monitoramento por Satélite são resultados do projeto de pesquisa GeoVale. O objetivo do estudo foi mapear as principais mudanças no uso e cobertura das terras da região ocorridas entre 1985 e 2015, com foco nas áreas de floresta nativa, pastagens e reflorestamentos de eucalipto.
As pastagens, voltadas para a produção de carne e leite, ainda representam a maior cobertura, com 651.000 hectares. Porém, nos últimos 30 anos essa área regrediu 32% e quase metade do pasto que ainda existe na região, cerca de 40%, apresenta distintos estágios de regeneração da vegetação nativa – o chamado “pasto sujo”, que não é mais manejado e, ao longo dos anos, poderá formar novas florestas.
Fonte: Painel Florestal