Engenheiro afirma que madeira é tão resistente quanto o aço
Alan Dias, da A Carpinteria, será um dos palestrantes do 4º Simpósio Madeira & Construção, que acontece entre os dias 20 e 21 de setembro, em Curitiba (PR)
É com base nisso que o engenheiro resolveu apostar numa forma sustentável de trabalhar na construção civil, apostando na utilização da madeira como material construtivo. Hoje, ele é um dos grandes incentivadores do tema no Brasil e um dos maiores especialistas no assunto. Por conta da vasta experiência, Dias será um dos palestrantes do 4º Simpósio Madeira & Construção, que acontece entre os dias 20 e 21 de setembro, no auditório do Centro de Ciências Florestais e da Madeira (Cifloma), localizado no campus Jardim Botânico da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
“A construção civil é a segunda economia mundial mais antiga, mas, hoje, é um completo caos, uma bagunça total, com poluição sonora e grande geração de resíduos. Numa obra, diversas pessoas estão fazendo um trabalho que poderia ter sido pré-fabricado. Além disso, o concreto é o segundo material mais consumido pela humanidade, algo pesado, de difícil transporte, que traz um gasto de energia imenso e que é responsável por 5% a 8% de toda a emissão de CO2 no meio ambiente. 47% da emissão de dióxido de carbono do mundo vem da construção civil. Não podemos ignorar esses números. Por isso, o que propomos é uma espécie de ‘dieta’ neste setor: menos concreto, menos aço e mais madeira”, declara.
Para o engenheiro, a popularização da madeira hoje esbarra na falta de conhecimento dos profissionais de Arquitetura e Engenharia. No caso da madeira engenheirada, por exemplo, uma madeira proveniente de floresta plantada e utilizada pela Carpinteria em suas obras, Dias cita que pelo material ser colado, é possível eliminar todos os nós e, assim, alcançar peças muito mais resistentes e mais homogêneas.
“Pode-se confiar nas propriedades deste material, porque quando se cola a madeira, ela torna-se tão resistente quanto o aço. Com o aumento do uso da Madeira Laminada Colada e do CLT, praticamente temos um produto 100% homogêneo e de alta confiabilidade. Portanto, para a madeira se tornar mais popular, basta haver incentivos de informação. Uma vez que se quebra o preconceito, os profissionais envolvidos nesta cadeia nunca mais serão os mesmos! Aconselho acompanhar sites internacionais de Arquitetura, como, por exemplo, o Dezeen e o Archdaily. 50% das publicações atuais são em madeira”, afirma.
Sobre os preconceitos que envolvem a construção com madeira, como, por exemplo, o medo de o material não ser resistente ao fogo ou ser mais suscetível ao ataque de insetos, o engenheiro garante que esses já não são mais problema há muito tempo. Segundo ele, a madeira é extremamente segura, pois quando exposta ao fogo, cria uma “crosta carbonizada como proteção natural ao miolo” e, por isso, não deforma. “O aço, em 750°, deforma e cai. O concreto explode. Mas com a madeira não acontece nada disso. Na Europa já se sabe que a madeira é muito mais segura que o aço e o concreto. No Brasil esse assunto ainda é um grande tabu, mas diversos estudos realizados no Laboratório de Madeiras e Estruturas de Madeiras (LaMEM), da Universidade de São Paulo (USP), mostram a evolução da madeira na exposição ao fogo e provam o que estamos dizendo”, garante.
Para garantir toda a qualidade deste material, Dias alerta que é fundamental utilizar matéria-prima certificada e legalizada. Ele sugere que o profissional que vai especificar a madeira consulte associações, como o Green Building Council Brasil (GBC Brasil), o Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) e o AQUA, por exemplo, que podem auxiliar na escolha dos materiais e métodos mais sustentáveis para a obra.
“O uso da madeira rende muitos pontos, já que é o único material estrutural que sequestra CO2 na sua produção. Além disso, hoje é possível fazer tudo com madeira, inclusive prédios. Precisamos apenas de estratégias que disseminem o uso desse material. Vamos ajudar a fazer isso, incentivando o uso e provando que a madeira pode ser usada para fins estruturais. Fora do Brasil os países estão há muitos anos na nossa frente. Na Europa, por exemplo, é obrigatório que 30% de toda construção tenha madeira por conta do sequestro de carbono. Tenho esperança que isso aconteça aqui no Brasil também. Por isso, um evento como o Simpósio Madeira & Construção é fundamental para reunir profissionais e entusiastas do uso da madeira na construção e, quem sabe, ditar o que será feito no futuro da construção em madeira no Brasil”, completa.