Destaque na produção de madeira no país, Paraná vira ‘fazenda de florestas’

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Com um déficit anual de quatro milhões de metros cúbicos, setor madeireiro investe na integração de pequenas áreas para garantir abastecimento

 

O cultivo de florestas plantadas no Paraná ocupa uma área de 1,2 milhão de hectares entre pinus e eucalipto, cerca de 6% do espaço territorial do estado. Com uma produção total de 47 milhões de metros cúbicos, a atividade já representa 5,7% das exportações do agronegócio paranaense, atrás apenas do complexo soja e carnes.

Apesar de ser o maior produtor de pinus e o quarto maior de eucalipto do País, a produção florestal do Paraná ainda é insuficiente para atender a demanda do próprio estado, que é de 51 milhões de metros cúbicos.

Para assegurar o fornecimento de matéria-prima, um dos grandes desafios do setor é investir na produção florestal integrada com sistemas agropecuários, além do uso de áreas degradadas. Com 70 mil hectares no sistema Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), o Paraná lidera o ranking nacional nesta modalidade.

Em uma área de 29 hectares no município de Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba, o produtor rural Edegar José Berton investe na produção de frutas entre os 40 mil pés de eucalipto e os 12 mil de pinus. “Tinha criação de gado, mas a rentabilidade era baixa. Em 2006 uma doença prejudicou parte da produção de caqui e, pelo valor que a madeira valia na época, resolvi investir em floresta plantada. O preço da madeira está defasado, mas é uma boa renda para quem pode esperar para vender”, diz.

“O produtor precisa enxergar o cultivo florestal como uma fonte de renda extra a longo prazo, mas integrado com outras culturas como grãos, hortifruti e carne”, explica o coordenador do projeto Madeira do Instituto de Pesquisa e Extensão Rural (Emater), Amauri Ferreira Pinto.

Segundo o diretor-presidente do Instituto de Florestas do Paraná (IFPR), Benno Henrique Weigert Doetzer, as grandes empresas do setor são responsáveis por cerca de 60% das áreas cultivadas com florestas. Entretanto, parte significativa da área pertence a pequenos e médios produtores rurais.

Trabalho cooperado
Quase 50% da madeira produzida no Paraná é consumida com finalidade energética, sendo que a maior demanda é para a secagem de grãos e produção de aves.

De acordo com o assessor técnico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Gilson Martins, as cooperativas agropecuárias produziram 22 milhões de toneladas de grãos em 2015 e utilizaram uma área de 30 mil hectares de floresta .

“Nosso desafio é aproximar a base florestal dos consumidores. Cerca de 20 cooperativas já possuem florestas, especialmente por meio do fomento entre os cooperados”, explica.

Política de incentivo ao setor florestal

Andrea Côrtes
A madeira plantada é o terceiro produto mais exportado do Paraná e responde por 12% de todo o volume embarcado no Brasil, gera 76 mil empregos diretos e 158 mil indiretos no estado. Embora seja um grande gerador de trabalho e renda, ainda faltam políticas públicas específicas para o setor.

Segundo o diretor executivo da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre), Carlos Mendes, o Paraná possui um setor florestal completo, além de uma posição muito forte no segmento de papel e celulose, chapas e energia. “Estamos prontos para que o setor se desenvolva, mas precisamos de políticas públicas que estabeleçam ações coordenadas entre os elos da cadeia”, afirma .

Para isso, um grupo de trabalho formado pelo Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Apre, Embrapa Florestas, universidades e setor privado formulou uma proposta para a criação do Plano Estadual de Cultivos Florestais que servirá de base para a elaboração da primeira política pública para a área florestal do Brasil. De acordo com o coordenador estadual de Produção Florestal do instituto Emater, Amauri Ferreira Pinto, o projeto quer desenvolver e organizar a cadeia produtiva em um plano de 50 anos. “A ideia é inserir o componente florestal dentro do sistema produtivo, integrado a outras culturas, como atividade de médio e longo prazo. Nosso foco é expandir a base florestal produtiva em pequenas e médias propriedades rurais e gerar uma renda extra para o agricultor”, explica Pinto.

O grupo tem um prazo de 90 dias para apresentar um anteprojeto de lei aos deputados estaduais.

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