Designer carioca cria relógios com madeiras de demolição e sobras de jeans
Maré Relógios faturou R$ 60 mil em seu primeiro ano em atividade
Durante o período em que trabalhou na indústria de móveis, o designer carioca João Victor Azevedo, 31 anos, percebeu que as fábricas do setor desperdiçavam uma grande quantidade de madeira. Imaginando que esse desperdício seria ainda maior na construção das instalações dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, ele resolveu entrar em ação. “Passei nas obras para pegar restos de madeira em caçambas de lixo e pensei que poderia transformar aquele material em algum produto”, afirma o empreendedor.
Como já tinha sido proprietário de uma empresa de relógios de madeira durante 9 meses em 2014, Azevedo viu a possibilidade de apostar novamente no segmento. “Os clientes da minha antiga empresa perguntavam se os relógios que vendíamos eram sustentáveis. Na verdade, não eram. Mas, já que havia uma demanda para esse tipo de produto, achei interessante investir na ideia, agora com um novo negócio.”
Surgiu assim a Maré Relógios, fabricante de acessórios produzidos com madeiras de demolição, tintas orgânicas e materiais recicláveis. “Só com o material que coletamos das caçambas dos Jogos Olímpicos, conseguimos produzir mais de 200 unidades. Estamos usando o design para transformar lixo em objetos únicos”, diz o empreendedor, que também é professor do Departamento de Artes e Design da PUC-RIO.
Os relógios, produzidos em uma oficina na incubadora da universidade, têm mostradores analógicos feitos com tinta à base de urucum, açafrão e cacau. Além disso, os acessórios contam com pulseiras produzidas com couro de descarte industrial, câmaras de pneus e lonas.
Recentemente, a empresa passou também a produzir relógios com sobras de jeans. “Olhamos para vários materiais de descartes. Conversando com amigos, identificamos que o jeans tem um descarte muito grande, tanto por parte da indústria, quanto dos consumidores”, diz o empresário.