48% da energia do país virá de fontes limpas e renováveis até 2040, diz BP
Acompanhando o ritmo do crescimento econômico e do aumento de renda, o Brasil deve ter também uma alta no consumo de energia na ordem dos 60% até 2040. A boa notícia é que a boa parte deste crescimento deve vir de fontes alternativas de energia renovável, que inclui energia eólica, solar e biocombustíveis, como etanol, e que são menos poluentes. Em 2040, quase metade (48%) da energia usada no país deve vir de fontes limpas e renováveis. As informações fazem parte de um relatório sobre o mercado de energia global da companhia de petróleo britânica BP, divulgado nesta quarta-feira (28). O BP Energy Outlook é feito anualmente pela companhia para traçar as tendências em consumo e produção de energia no mundo nas próximas duas décadas.
A conta considera todas as formas de consumo energético do país, o que vai desde a geração de energia elétrica até os combustíveis usados nos transportes
Fontes de energia no Brasil em 2016:
Petróleo:40%
Hidrelétricas:29%
Fontes alternativas: 13%
Gás: 11%
Carvão: 6%
Nuclear: 1%
Total de fontes limpas e renováveis: 42%
Fontes de energia no Brasil em 2040:
Petróleo: 31%
Hidrelétricas: 24%
Fontes alternativas: 24%
Gás: 16%
Carvão: 3%
Nuclear: 2%
Total de fontes limpas e renováveis: 48%
Brasil entre os mais limpos do mundo “O Brasil já tem uma matriz de energia que não se compara a quase nenhum outro lugar do mundo. Se os outros países conseguissem chegar a uma pequena parte do que é o Brasil, nosso caminho para cumprir as metas de redução das emissões já avançaria enormemente”, disse o economista-chefe do grupo BP, Spencer Dale, em evento nesta quarta-feira (28).
No mundo, segundo o estudo, a energia hidrelétrica responde por apenas cerca de 5% do total consumido e deverá se manter neste patamar até 2040. As demais fontes renováveis, por sua vez, que garantem hoje 3% do consumo atual, podem chegar a 20% ou 30% neste horizonte.
“Conforme a tecnologia de energias renováveis, especialmente eólica e solar, avança, elas se tornam mais acessíveis, e será delas que virá a maior parte do crescimento na oferta de energia nos próximos 20 anos”, disse Dale
Globalmente, de acordo com as projeções da BP, o ritmo de crescimento das energias renováveis deve ser de 7% ao ano até 2040. Petróleo, por outro lado, que hoje fornece mais de 60% da energia global, deve crescer a uma taxa anual de 0,5% e ver sua participação cair para a faixa dos 40% até 2040
Brasil: crescimento sem eficiência
Apesar do exemplo internacional na sustentabilidade de suas fontes energéticas, o Brasil vai na contramão de diversos países no quesito de eficiência energética. “O consumo de energia no Brasil deve crescer a uma média de 2% ao ano, o que basicamente acompanha seu crescimento econômico”, disse Dale. Os cenários da BP trabalham com um avanço médio do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro de 1,8% ao ano até 2040.
“Em outros países, em especial os mais desenvolvidos, um crescimento de 2% da economia é acompanhado por um crescimento menor do que isso na demanda por energia, por causa dos ganhos com eficiência”, disse Dale.
Nos últimos 40 anos, afirmou o economista, as bases de dados do Brasil mostram que, para cada alta de 1% do PIB, o consumo de energia cresceu também 1%, aproximadamente.
“Em outros países isso se descola”, disse. Na China, segundo ele, com o ritmo de crescimento do PIB superior a 6% ao ano, a alta na demanda por energia fica na faixa dos 2%.Na Europa, afirmou Dale, o consumo de energia mantém o mesmo nível de 1975, mesmo com um PIB três vezes maior.
Crescimento global virá dos emergentes
Segundo o economista-chefe da BP, o consumo total de energia no mundo deve crescer na faixa de 20% a 30% até 2040, e toda essa demanda virá exclusivamente dos países emergentes, enquanto o aumento nos países desenvolvidos deverá ser virtualmente zero.
“Já são países consolidados e estáveis”, disse. “O crescimento virá dos emergentes, principalmente da Ásia, não só pelo aumento da população, mas, principalmente, pelo enriquecimento. Conforme essas pessoas saem de um nível de renda baixa, em que se preocupam essencialmente em botar comida na mesa, para renda média, elas passam a ter acesso a energia elétrica, a comprar eletrodomésticos, a ter a primeira moto ou o primeiro carro, e é isso que puxa o crescimento.”
FONTE: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao