Estudo aponta que plantios de eucalipto contribuem com a preservação e proteção de microbacias hidrográficas

A pesquisa também mostra que as florestas plantadas têm maior eficiência para produção de madeira para o setor industrial

As florestas plantadas são o caminho mais eficaz para a preservação dos recursos hídricos e para uma manutenção mais dinâmica das bacias hidrográficas. Este é o resultado de uma avaliação encomendada pela Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), entidade que reúne o setor florestal brasileiro, com mais de 70 empresas associadas.

Um dado que chama a atenção está relacionado ao eucalipto. Com um metro cúbico de água se produz, no Brasil, de 2,5 a 3,5 quilos de madeira. Este mesmo volume de água gera 0,4 quilos madeira no Cerrado e 0,8 na Mata Atlântica. Além de provar que é uma boa fonte de extração de madeira e fibras, destrói o mito que o eucalipto é um grande “beberrão” de água e acaba com tudo que está ao redor.

A engenheira florestal Natália Canova, responsável pelo setor na Ibá, explica que o cultivo de eucalipto é bom para a manutenção dos recursos hídricos, principalmente quando o manejo é feito de forma adequada. Segundo Canova, empresas do setor florestal brasileiro vêm fazendo avaliações de qualidade e quantidade da água há 20 anos.

Este monitoramento permite, às empresas do setor florestal, uma adequação ao manejo, que também pode ser chamado de manejo adaptativo. Hoje são monitoradas pelo menos 30 microbacias, que constantemente passam por estudos comparativos com o objetivo de atingir a um resultado mais eficiente no âmbito ambiental, propiciando uma ampla utilização econômica sem danos ao ecossistema. Por meio do sistema de mosaicos, o setor florestal vem conseguindo resultados melhores.

Para se chegar a esta eficiência, os plantios florestais são feitos próximos às florestas naturais, seguindo rigorosamente às normas estabelecidas no Código Florestal Brasileiro – Lei nº 12.651/2012 -, que é considerado um dos mais rígidos do mundo na garantia do meio ambiente. “As empresas do setor florestal são comprometidas com a regulação ambiental, ou seja, com o Código Florestal, respeitando as áreas de preservação permanente (APP) e as reservas legais”, enfatiza Natália Canova.

Vista aérea de mosaicos florestais. Foto: Gleison Rezende/BSC

Vista aérea de mosaicos florestais. Foto: Gleison Rezende/BSC

Dados da Ibá apontam que, no Brasil, a cada hectare plantado com florestas, a preservação atinge a 0,65 de um hectare de floresta natural. Na comparação com o Chile e Austrália, este número relacionado à floresta natural chega a 0,25 e a 0,05, respectivamente. Isso também se dá pela rigidez do Código Florestal Brasileiro quando se trata da gestão de paisagem, garantindo assim um melhor fluxo hídrico, além dos corredores ecológicos e da manutenção da biodiversidade.

Natália Canova ressalta que o modelo de produção de florestas plantadas é baseado na integração com as florestas naturais, formando o mosaico. “A Ibá encaminhou um infográfico detalhado sobre as microbacias observadas para os ministérios que agem na área florestal e para as organizações não governamentais atuantes no setor com o objetivo de elaborar políticas florestais”, informa Canova.

As empresas do setor florestal têm investido na preservação dos recursos hídricos. Uma das caracterizações deste investimento se dá no reuso da água. Na década de 1970, por exemplo, usava-se de 180 a 200 metros cúbicos de água para produzir uma tonelada de celulose. Hoje, este número oscila apenas entre 22 e 40 metros cúbicos de água. “Isso permite que mais água volte para o ambiente, sendo utilizada na irrigação para a agricultura, entre outros usos”, diz Canova.

O Brasil tem hoje 7,7 milhões de hectares com florestas plantadas – um número que corresponde a apenas 1% do território nacional. Deste total, cerca de 5,5 milhões são de plantios de eucalipto, gerando 4,4 milhões de empregos e tributos anuais de R$ 8,8 bilhões. As empresas do setor têm uma receita bruta anual de R$ 60 bilhões, o que representa 6% do Produto Interno Bruto (PIB) e exportações anuais de US$ 8 bilhões, o que significa 3% do total das exportações brasileiras. Mais da metade das florestas plantadas brasileiras já possuem certificação.

No mundo, as florestas plantadas são apenas 7% do território. Este pequeno número já corresponde a 60% de toda a madeira que é consumida pelas indústrias, mostrando que, com políticas florestais eficientes, a restauração de áreas degradadas – que também significa recuperar ecossistemas – pode ser atingida. O Brasil tem, hoje, 30 milhões hectares com pastagens degradadas.

Fonte:  Painel Florestal – Elias Luz

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