Cresce a coleta de goma resina de pinus e novas áreas são plantadas

Cresce a coleta de goma resina de pinus e novas areas sao plantadas

Texto: Julio Huber / Foto: Julio Huber

A produção de goma resina de pinus está ganhando cada vez mais adeptos principalmente na região de montanhas e no Caparaó do Espírito Santo. Proprietários de florestas de pinus estão extraindo a goma resina, e cada vez mais agricultores estão aderindo à ideia e plantando a árvore, agora com uma genética ainda mais adequada à região.

Os primeiros plantios de pinus feitos em terras capixabas tinham o objetivo de produção de madeira, mas nos últimos anos essas florestas passaram a ganhar uma nova finalidade: produção de goma resina. O uso desse produto é bastante diverso, como para fabricação de cosméticos, produtos farmacêuticos e gomas de mascar.

A produção de resina de uma planta pode durar mais de 10 anos, com coletas mensais, se for feito um cronograma de extração da resina, o que garante uma renda mensal ao proprietário rural.

Ao tomar conhecimento de grandes áreas plantadas de pinus no Estado, a empresa portuguesa Resinas Brasil, que já atua em outras regiões do país com o processamento de resina, resolveu montar um escritório em Conceição do Castelo, nas montanhas do Espírito Santo, há cerca de cinco anos.

As primeiras florestas que começaram a ser exploradas ficam em Conceição do Castelo e em Venda Nova do Imigrante, nas propriedades do empresário Camilo Cola, precursor da produção de resinas no Estado. Entretanto, a intenção de diversas entidades, incluindo o governo estadual, é ampliar a área plantada de pinus no Estado para oito mil novos hectares nos próximos anos para viabilizar a instalação de uma planta industrial de processamento da resina no Estado. Atualmente há pouco mais de dois mil hectares de pinus plantados.

RENDA GARANTIDA – Engana-se quem pensa que cuidar de uma floresta de pinus e realizar a coleta mensal de resina é muito trabalhoso. Duas pessoas dão conta de pelo menos 24 mil árvores, o que rende um “salário” mensal de mais de R$ 1.600,00 para cada trabalhador. Esse valor corresponde a um percentual do valor de venda do produto coletado.

Um exemplo é José Nilton Ferreira da Silva, 39 anos, que junto com mais uma pessoa coleta a resina e cuida de uma floresta do engenheiro agrônomo Pedro Burnier, em Venda Nova do Imigrante.

“Trabalho há três anos aqui e estou muito satisfeito. Trabalhamos na sombra, mesmo em dias quentes, e temos uma boa renda garantida todos os meses. São 30 mil sacolas que eu e mais um parceiro tomamos conta. Aqui nós mesmos fazemos nosso horário. Dificilmente teria uma renda igual a que ganho aqui se fosse trabalhar em outro tipo de plantio”, afirma José Nilton.

PIONEIROS – Na região de São José de Alto Viçosa, em Venda Nova do Imigrante, fica a floresta de pinus comandada pelo engenheiro agrônomo aposentado Pedro Burnier, 85 anos. Ele foi um dos responsáveis pelo fomento de eucalipto no Estado, e agora está apostando no cultivo de outra árvore: o pinus.

Burnier contou que iniciou a comercialização para a empresa Resinas Brasil há cerca de três anos, após o início da extração de resinas das florestas do empresário Camilo Cola, também em Venda Nova do Imigrante.

Burnier informou que seu plantio tem 16 anos. Na época em que foi plantada a floresta, a intenção era a produção de madeira. Então, a variedade das árvores não era a mais indicada para a extração e produção de resina, já que esse não era o objetivo do plantio. Atualmente, a variedade cultivada para a resinagem é o Pinus elliottii var. elliottii, que tem potencial produtivo de 6 Kg de goma resina por árvore por ano, contra a atual média, que é de 3 Kg/árvore/ano.

No plantio do engenheiro agrônomo, em média são coletadas 18 toneladas de resina todos os meses, com a produção em 100 mil sacolas instaladas em cerca de 60 mil árvores. Cada quilo é vendido por aproximadamente R$ 2,49. “Pela experiência que estamos tendo aqui nesses últimos três anos, posso garantir que essa é uma ótima alternativa de renda para o os produtores rurais”, disse Burnier.

Mudas certificadas garantem maior produtividade

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O êxito na formação de florestas de alta produtividade depende, em grande parte, do padrão de qualidade das mudas plantadas. No Espírito Santo, há apenas dois viveiros habilitados pela Secretaria de Estado de Agricultura (Seag) e pela empresa Resinas Brasil para o fornecimento de mudas de Pinus elliotti var. ellliottii, a mais indicada para o plantio no Estado. Todo o processo de produção das mudas foi acompanhado por técnicos do Incaper e da empresa compradora de resina.

Um dos habilitados fica em Venda Nova do Imigrante, e o outro é o Viveiro Eco Mudas, com sede em Santa Maria de Jetibá. O proprietário, Anderson Percilios, informou que participa do programa de incentivo ao plantio de pinus desde o início, por meio de cursos ofertados pelo Incaper e também de reuniões, a fim de produzir mudas de alta qualidade.

“As mudas estão sendo ofertadas a um preço justo e acessível, uma vez que recebemos as sementes da empresa Resinas Brasil. O valor das mudas é menor do que o preço praticado no mercado. Em torno de R$ 400,00 o milheiro”, destacou.

INCENTIVO – A importância dessa nova cultura florestal para o Espírito Santo fez com que o governo do Estado criasse o Programa de Expansão do Plantio de Pinus para produção de goma resina e madeira no Espírito Santo, o Pró-Resina, que tem a finalidade de fomentar o cultivo de pinus, promover o reflorestamento e criar uma atividade de renda alternativa aos produtores rurais.

Passado quase um ano do lançamento do Pró-Resina, o produtor rural Dorgal de Aguiar Godinho, morador de Victor Hugo, em Marechal Floriano, resolveu plantar oito hectares de pinus da espécie identificada como ideal para a região. Outros proprietários rurais também estão preparando áreas para o cultivo.

O produtor aderiu ao Programa da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), por acreditar que será uma ótima oportunidade de geração e diversificação de renda na propriedade. Em cada hectare são plantadas mil árvores, com a expectativa de resinar aproximadamente 900. O custo para o plantio de um hectare de pinus gira em torno de R$ 3,5 mil.

FOMENTO – Para os interessados aptos ao Pró-Resina, será firmado com o Grupo Resinas Brasil-GRB contrato de parceria de compra e venda de toda goma resina ao preço corrente do mercado, tendo como base a cotação mensal da Associação do Resinadores do Brasil (ARESB). Assim os fomentados terão maior segurança ao aderir a essa nova atividade florestal no estado do Espírito Santo.

FINANCIAMENTO – Para fomentar o plantio de Pinus no Estado, o Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes) dispõe de uma linha de crédito especial para produtores que desejarem aderir ao programa. O valor financiado pode chegar a R$ 5 milhões, com prazo de pagamento em até 12 anos, e com carência de até oito anos. A taxa de juros é de 2,5% até 8% ao ano.

O que é a resina?

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O óleo resina é uma substância transparente e pegajosa. Não é seiva, é um óleo porque não se dissolve em água, mas é solúvel em álcool, em óleos essenciais e em óleos gordos.

Após o processamento na indústria são esperadas as seguintes proporções médias dos derivados decorrentes da transformação da resina: 70% de breu (parte sólida); 17% da espécie elliotti e de 4 a 9% nas espécies tropicais de terebintina (parte líquida) e 13% de resíduos (água e impurezas orgânicas).

Para que serve a goma resina?

Breu – É transformado em cola para a fabricação de papel; vernizes e tintas; adesivos; borrachas sintéticas; cosméticos e outros.

Terebintina – Serve para a fabricação de cânfora; pomadas farmacêuticas; desodorantes; desinfetantes; inseticidas; germicidas; tintas e vernizes; corantes e vedantes, etc.

OBS: também é feita a goma de mascar com o processamento da resina.

Etapas da extração da resina

– Inicia-se com a limpeza do tronco, geralmente atividade chamada de raspa de casca ou desencarrasque.

– A próxima etapa é a confecção do risco (estria) para a instalação do saquinho. Em outras regiões chamado de bigode.

– O saquinho é o recipiente onde a resina se acumula até a coleta.

– Utilizando a ferramenta adequada (estriador), abre-se um corte que seja suficiente para atingir o lenho sem feri-lo, tendo como comprimento mínimo 15 cm e máximo 20 cm; e largura 1 a 2 cm.

– Após ser feita a estria, é aplicada uma pasta estimulante de forma uniforme diretamente na parte superior da estria, entre a casca e o lenho para que os canais resiníferos não se fechem, permitindo que a resina escorra por um período mais longo, até que se faça nova estria. A pasta é composta por farelo de arroz e uma pequena concentração de ácido sulfúrico.

– É comum realizar estrias a cada 15 dias para os Pinus elliottii e 12 dias para os pinus tropicais.

– Uma vez ao ano a sacola onde fica depositada a resina precisa ser fixada alguns centímetros mais para cima da árvore, para aproximá-la da última estria.

Como é realizada a coleta? 

– A coleta deve ser realizada manualmente, removendo a goma do saquinho e colocando nos baldes coletores, retirando, sempre que possível, o excesso de água e impurezas.

– A goma dos baldes coletores deverá ser transferida para tambores com capacidade para 200 Kg, revestidos internamente com sacos plásticos (sacões), que depois são devidamente fechados para o transporte.

– Durante as operações de resinagem, parte da resina escorre até o saquinho e parte fica grudada no painel (tronco da árvore), havendo a necessidade desta ser coletada com o auxílio da ferramenta denominada “raspador de goma”. Para a espécie de Pinus elliottii, a atividade é realizada uma vez ao ano.

– Em cada plantio, é possível programar a coleta mensal, considerando que em cada árvore é colhida a resina uma vez a cada três meses.

Área apta ao cultivo

Alegre
Alfredo Chaves
Brejetuba
Cariacica
Castelo
Conceição do Castelo
Divino São Lourenço
Domingos Martins
Dores de Rio Preto
Fundão
Guaçuí
Guarapari
Ibatiba
Ibitirama
Iconha
Irupi
Iúna
Marechal Floriano
Muniz Freire
Rio Novo do Sul
Santa Maria do Jetibá
Santa Leopoldina
Santa Teresa
Vargem Alta
Venda Nova do Imigrante
Viana

 

Fonte

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